28 outubro, 2010

Capas de disco históricas - Os mistérios de Led Zeppelin IV

Por Luiza Barros


A capa de um dos discos mais importantes da história do rock'n'roll também é uma das mais misteriosas que já se viu. Clássico dos clássicos, Led Zeppelin IV chegou às lojas de discos em novembro de 1971, e a primeira pergunta levantada pelos fãs foi: qual o nome do disco?

Afinal, quem olha a curiosa capa não vai encontrar nada além de quatros símbolos esquisitos. A própria gravadora, a Atlantic, parece não ter certeza: em seus catálogos, já o chamou de Four Symbols e The Fouth Album, além do nome mais usual, Led Zeppelin IV , que segue o padrão dos discos anteriores da banda. Mas há quem tenha nomeado o disco por conta própria, muitas vezes inspirando-se nos elementos da capa: Untitled, Runes, Sticks, ZoSo e The Hermit já foram nomes utilizados pelos fãs.

Escolhido o apelido favorito para o disco, a segunda pergunta é: que diabos querem dizer esses símbolos? São runas? São satânicos? Uma espécie de senha? Uma fonte pouco utilizada do Word?



Bem, na verdade, cada símbolo representava um dos integrantes da banda, na seguinte ordem: Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant. Page desenhou ele mesmo o seu. Apesar da figura lembrar a s letras “zoso”, o guitarrista explica que nunca pensou em fazer ele parecer com alguma palavra. Menos criativo, o baixista John Paul Jones retirou o dele do Livro do signos do tipógrafo Rudolf Koch. A triqueta unida a um círculo tem origem celta e pode ser utilizada para representar alguém virtuoso e confiante. Do mesmo livro, o lendário baterista John Bonham escolheu os três círculos entrelaçados, que representam a trindade pai, mãe e filho, além de ser o logo de uma marca de cerveja dos EUA. Já a pena dentro de um círculo de Robert Plant tem origem egípcia. A pena pertence à deusa da justiça, Ma'at. O símbolo também é relacionado à hipotética civilização de Mu, continente perdido que pesquisadores do século XIX acreditavam ter existido, até ter sido submerso no oceano.

Solucionado um mistério, vamos a outro: o que o retrato desse velhinho está fazendo na capa? O quadro é uma pintura à óleo do século XIX, e foi comprado por Robert Plant em um antiquário. Para compor a capa do disco, o quadro foi pendurado na parede de uma casa parcialmente destruída. Na parte de trás, a paisagem urbana da foto fica em Dudley, uma cidade média no oeste da Inglaterra. A intenção de juntar todos esses elementos, em uma das explicações dadas por Page ao longo dos anos, era de contrapor o urbano com o rural e alertar de que o homem deveria cuidar da Terra, ao invés de apenas explorá-la. Meio difícil de alguém deduzir isso, mas a verdade é que ficou interessante o suficiente para a capa virar selo, numa série lançada este ano pelo serviço postal inglês, o Royal Mail.


Abrindo o disco, mais um segredo: no interior, há uma ilustração do Eremita, inspirado no desenho da carta de tarô do mesmo nome. Apesar das diversas interpretações possíveis, o Eremita geralmente representa noções como o silêncio, a introspecção, o isolamento, a reflexão e a busca interior. Para os amantes das mensagens subliminares, a imagem é um prato cheio. Várias versões da imagem foram distribuídas nos álbuns. Umas mostram um homem escalando as pedras, outras vem com uma estrela de seis pontas na lanterna do eremita. Além disso, quem foi curioso o suficiente para colocar a imagem na frente de um espelho, pôde ver o rosto de um homem escondido nas rochas. Além da imagem, a parte interna do álbum também trazia a letra do maior sucesso do Led Zeppelin, Stairway to Heaven. A tipologia utilizada no encarte se tornou uma das marcas da banda, podendo ser reconhecida de longe pelos fãs. Mais uma vez, foi Jimmy Page o responsável pela escolha. Ele encontrou a fonte em uma edição de uma revista de arte do século XIX, e pediu que criassem o restante do alfabeto.

Resultado de uma época em que a indústria da música funcionava de outra maneira, Led Zeppelin IV é a prova de como o projeto gráfico de um álbum pode despertar a curiosidade dos fãs e representar tanto na memória afetiva deles quanto as próprias composições. Em todos os aspectos, é de fato um clássico dos clássicos.

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