21 maio, 2010

Clipes Inesquecíveis – Being Boring (The Pet Shop Boys)


Pode uma música fazer pouquíssimo sucesso na paradas, ter seu clipe barrado de várias emissoras de TV (incluindo a MTV Brasil) na época, e mesmo após o aparente fracasso, ser considerado hoje a melhor música da banda por boa parte dos fãs? Pode, pois essa é a história de “Being Boring”, dos Pet Shop Boys, tema do post de hoje.


“Being Boring” foi lançada como segundo single do disco Behaviour em 1990. A faixa, assim como o álbum em geral, significava uma mudança de rumos na carreira dos Pet Shop Boys. O duo formado por Neil Tennant e Chris Lowe entrou nos anos 90 abandonando parte do seu pop dançante da década anterior para transformá-lo em algo mais maduro e sutil. A própria “Being Boring” é um grande exemplo. Em sua letra, Tennant desbrava um novo território tratando de um tema mais pesado: alguém que, entre a nostalgia e a solidão, relembra pequenas cenas que marcaram sua vida. O próprio momento que o compositor vivia pode ter influenciado muito sua escolha: Neil havia acabado de perder um amigo de longa data para a AIDS, e teve a idéia do título após ler em um jornal que os Pet Shop Boys eram chatos...

Pelo lado bom, a matéria negativa do jornal fez Neil se lembrar de uma frase da escritora Zelda Fitzgerald que foi usada em um convite para uma festa na sua juventude, que na abertura do clipe foi resumida para algo como: ela nunca estava entediada porque ela nunca era entediante. Zelda foi casada com F. Scott Fitzgerald, um dos maiores escritores americanos. O relacionamento dos dois o inspirou a escrever Suave é a noite, romance que conta a história de um casal rico e aparentemente feliz. No entanto, assim como Zelda, a esposa do livro sofria de problemas psiquiátricos que assombravam a vida conjugal.

Foi a ligação com o casal Fitzgerald que fez com que o diretor do videoclipe, Bruce Weber, escolhesse uma casa em Long Island, Nova York, para as gravações (é lá que se passa o mais célebre livro de F. Scott Fitzgerald, O grande Gatsby). A concepção de Weber era criar uma grande festa, algo que parecesse uma linda fantasia. Foi o que conseguiu: da primeira vez em que vi o vídeo, a impressão que tive era que aquilo era como se alguém sonhasse com um passado, que talvez nunca tenha realmente existido. A única exigência do tecladista Chris Lowe também foi atendida: de que o clipe fosse sexy. De fato, o vídeo foi eleito pela MTV o segundo clipe mais sexy de todos os tempos, ficando apenas atrás de “I want your sex”, de George Michael.

Exatos vinte anos após sua feitura, a beleza perdida de que fala "Being Boring" permanece um tema popular. A música e o clipe são tão queridos pelos fãs que possui um site exclusivo, que serviu de base para boa parte da pesquisa deste texto.

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