25 junho, 2010

Trilha Especial – Michael Jackson morreu há um ano. Você, não.

Por Luiza Barros

Eu tenho certeza de que você se lembra de como foi seu dia há um ano atrás. E que pessoas no Japão também se lembram. E na Austrália. E em tantos outros cantos do mundo. Por quê? Foi o dia em que
Michael Jackson morreu. E eu ainda estou para encontrar alguém que não se recorde dos exatos pormenores de quando recebeu a notícia de que o maior astro da música pop estava entre a vida e a morte.

Eu, por exemplo, estava numa aula (de Semiótica, caso você queira saber). A filha da professora ligou para ela, só para dar a notícia. No que a professora comentou, meio sem jeito, o que lhe haviam dito, quem tinha notebook se apressou em abrir e entrar em algum grande portal. Mesmo nas letras grandes e vermelhas, não parecia verdade. Não parecia certo, não fazia sentido. E aquela não era a reunião do fã clube do Michael Jackson, e sim uma aula como qualquer outra, com todo o tipo de alunos. Nenhum era tão fissurado pelo
Rei do Pop. Apenas pessoas que curtiam as músicas mais famosas, no geral. E mesmo assim, já deu para perceber que a aula não rendeu muito depois disso. Todo mundo estava pensando no Michael.

Só esta pequena história já mostra qual foi o impacto de
Michael Jackson na cultura popular. Michael foi grande. Chegou a um lugar que apenas Elvis e Beatles haviam chegado antes. Talvez seu grande azar tenha sido se tornar uma lenda antes mesmo de atingir a maturidade. Daí, a derrocada foi tão acelerada como o sucesso que transformou a criança prodígio em fenômeno midiático. De mágico, virou monstro.

Muito antes de sua morte, entender as razões pelas quais Michael havia caído em desgraça já era obsessão da própria mídia que alimentou suas loucuras. De nada adiantou, como ainda não adianta. Os detalhes do que se passava na mente de MJ quando resolveu aumentar sua dose de analgésicos continuarão tão inacessíveis quanto os de qualquer outra personalidade que tenha morrido em situações igualmente trágicas e misteriosas, de Marilyn Monroe a Jim Morrison, passando pelo caso recente de Heath Ledger. Teorias da conspiração não vão trazer ninguém de volta, nem fazer a morte ter mais sentido. A indústria que transforma artistas em mitos inatingíveis esquece-se de nos dizer a triste verdade: eles morrem, da mesma maneira que todos os outros milhões que compram revistas, discos, filmes, e outros infindáveis produtos com nomes de astros em letras bem brilhantes.

Enquanto a religião, a ciência e a filosofia se encarregam de encontrar um sentido para isso, eu proponho que a gente se ocupe de outra coisa: admirar a beleza que estas pessoas foram capazes de produzir. E que nós, que ainda estamos aqui, também podemos fazer. Abra um livro. Aumente o som. Chame alguém para dançar. Comece a fazer alguma coisa.


2 comentários:

  1. Nossa, um ano já se passou...eu me lembro daquela aula como se fosse ontem. No início, achei que eram só boatos. MJ morrer assim do nada? Só pode ser mentira. Infelizmente não era...

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  2. Luiza, queria parabenizá-la pelo belíssimo texto. Tirando a parte que você alega que "De mágico, virou monstro", (acho que a magia dele nunca acabou), concordo com absolutamente tudo o que você disse.
    E o desfecho do teu texto é espetacular. É isso que queremos ver hoje. As pessoas simplesmente sabem julgá-lo, deixando as obras de lado. Obrigada por lembrar desse "detalhe" muito importante ;)
    Parabéns mais uma vez

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