Lizzie Bravo hoje, e em 1967 com John Lennon (arquivo pessoal) |
A brasileira Lizzie Bravo tinha 15 anos quando conheceu os Beatles, em 1967. Ela morou em Londres por três anos e chegou a fazer coro na gravação da música "Across the Universe" junto com uma amiga britânica. Lizzie promete que em breve vai lançar um livro sobre suas aventuras atrás dos Fab Four. Por enquanto, conheça um pouco da história dessa fã na entrevista a seguir:
A Trilha Sonora: Como e em que época você começou a gostar dos Beatles?
Lizzie Bravo: Comecei a gostar dos Beatles logo que eles apareceram, quando eu tinha uns 13 anos. A banda tinha um som muito diferente de tudo que se conhecia, e apreciei especialmente a personalidade dos integrantes, sua inteligencia e humor.
ATS: Como você foi para Londres? Como conheceu os Beatles?
LB: Fui pra Londres como presente de 15 anos, só que eu sabia que não ia voltar. Fiquei de fevereiro de 1967 a outubro de 1969, com alguns meses de volta ao Rio em 1968. Fui pra lá só pra conhecer os Beatles. Minha amiga Denise tinha ido na frente e já sabia de tudo. Cheguei do aeroporto, larguei as malas no hotel de estudantes e as duas voamos pros estúdios da gravadora EMI, em Abbey Road. Ela tinha visto os quatro entrando pra gravar, e ficamos esperando para vê-los sair. No dia que cheguei do Brasil, pude ver pela primeira vez os quatro Beatles. Passei a ir todos os dias para a frente dos estúdios e fazer amizade com as outras fãs. Quase todos os dias podíamos vê-los, bater breves papos, tirar fotos, pedir autógrafos. Era bom demais, o sonho de qualquer adolescente!
ATS: Como você fazia para se sustentar em Londres todo esse tempo?
LB: Meu primeiro emprego foi num hotel, mas fui despedida depois de alguns dias porque não era rápida o suficiente. Também, pudera, eu nunca tinha feito uma cama na minha vida.Trabalhei como "au pair", que é um sistema onde o governo te dá uma permissão para morar com uma família e ajudar no serviço de casa e com as crianças por uma parte do dia, e estudar no outro. Você recebe casa, comida e uma mesada - não é bem um salário. Nem preciso dizer que eu vivia dura! Fiquei um tempo numa casa e outro em outra. Ainda tenho contato com essa última família, e estive com eles em Londres no ano passado.Fiz matrícula num curso de literatura inglesa e de francês, mas confesso que faltava mais do que ia a aula. Meus pais e alguns tios me mandavam dinheiro, mas pouco. todo mundo queria que eu voltasse pra casa, o que não estava nos meus planos naquela época.
ATS: Que lembranças você tem dessa época em Londres?
LB: Londres era o centro do mundo, tudo acontecia por lá. Moda, música, cinema, teatro. Vi muita coisa bacana, muitos shows, inclusive Jimi Hendrix por duas vezes.
ATS: Como foi a gravação de "Across the Universe"?
LB: Isso vocês vão ter que ler no meu livro. Os quatro Beatles estavam no estúdio, foi gravado ao vivo, todos nós ao mesmo tempo. George Martin produzindo, os técnicos e o Mal Evans, assistente dos Beatles, roadie deles. Repetimos muitas vezes, ficamos duas horas e meia lá dentro.
ATS: Você se considera uma beatlemaníaca?
LB: Não gosto muito do termo "maniaco". Sou fã dos Beatles, e também de muitas outras bandas. E muito fã de MPB, que é o que eu mais ouço hoje em dia.
ATS: Você acha que ainda existe beatlemania hoje?
LB: Claro que existe beatlemania hoje! Não só o pessoal da minha época como muita gente jovem no mundo inteiro. A cada dia nascem milhares de futuros fãs dos Beatles!
ATS: Você foi a Liverpool naquela época?
LB: Fui a Liverpool em 1967 e 1968. O mais interessante é que pude conhecer a cidade exatamente como ela era quando eles viviam lá, não tinha nada escrito "Beatles" em lugar nenhum. Fui ao Cavern original assistir uma banda local.
ATS: Quantos shows dos integrantes dos Beatles você já assistiu?
LB: Nunca vi um show dos Beatles juntos porque eles pararam de excursionar em 1966. Mas assisti a 19 shows do Paul McCartney, um do George Harrison e um ou dois do Ringo Starr.
ATS: Como se sentiu quando a banda acabou?
LB: A banda acabar não foi nenhuma surpresa, já era esperado por nós, que acompanhavamos o dia a dia do lado de fora dos estúdios.
ATS: Sua filha, Marya Bravo, participou do musical "Beatles num Céu de Diamantes". Como foi isso para você?
LB: Foi muito bom! O musical é lindo e a participação dela muito especial. É bom saber que pude deixar um pouquinho dos anos 60 na minha filha e também na minha neta de 18 anos.
ATS: Ter sido fã dos Beatles mudou a sua vida? Como?
LB: Influenciou minha vida principalmente por me fazer conhecer gente do mundo inteiro, e pertencer a essa "tribo" que são os fãs dos Beatles. A música é inquestionável, perfeita. E claro que o fato de ter cantado com eles gerou uma curiosidade a meu respeito, e que me rendeu boas entrevistas, como a que a BBC fez no ano passado, quando me levou a Londres para me filmar junto com minha amiga Gayleen, que cantou junto comigo, na frente dos mesmos estúdios de Abbey Road. Passou num programa de TV no horário nobre.
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Acabei de saber da existência da Lizzie e de seu livro - que hoje já foi lançado, mas, em função da pandemia, ainda não comercializado no Brasil (se não me engano, o editor é paraguaio) - através de um amigo e vim logo procurar na rede. Incrível - essa e outras histórias dela!
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