07 janeiro, 2010

Trilha do Disco - Modern Sound

Por Robson Sales

80 mil CDs, 30 mil LPs, 4 mil DVDs espalhados e muito bem arrumados em móveis de madeira, numa loja de 1.200 m². Esses são alguns números da Modern Sound, que para o jornalista Ruy Castro, é a melhor loja de discos do Brasil e uma das melhores do mundo. No entanto, essa história começa bem antes...

Bem lá no interior da Bahia, quase sertão, numa cidade pequena, a 333 km da capital Salvador, nasceu Pedro Passos o personagem principal desta história. Caldeirão Grande não tinha mais de 17 mil habitantes quando, em 1940, Pedro veio ao mundo se juntar a outros 18 irmãos. Filho de lavrador, em 1955 se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar como office-boy, acabou virando empresário.

Numa das ruas mais movimentadas e conhecidas de Copacabana, a Barata Ribeiro, Pedro montou a maior loja de discos do país. Junto com um sócio, morto há 15 anos, a Modern Sound começou pequena em 1966, numa sala de apenas 60 m² dentro da galeria que ali havia.

Segundo Pedro Passos, o dono da loja, a ideia inicial era vender discos importados, clássicos e jazz. “Uma loja diferenciada das outras”, nas palavras do próprio. Ainda era época do Long Play e do compacto e aos poucos a loja foi se ampliando. Pegou a livraria, arrematou a loja 6, a sala D e finalmente o espaço do cinema Bruni foi incorporado. A Modern Sound entrou na era digital tomando praticamente toda a antiga galeria, um espaço de 1.200 m².

E tem de tudo por lá. No imenso salão central há milhares de CDs, de todos os ritmos e lugares do mundo, subindo as escadas estão os clássicos. E são muitos, de todos os compositores. À direita de quem entra estão os títulos latinos e de outros países menos midiáticos. Do lado esquerdo estão os lançamentos e os vários fones com 5 opções de CDs para escutar. No centro da loja estão a música brasileira, o pop/rock e o rock progressivo, organizados em ordem alfabética.

Numa outra sala contígua encontra-se os 4 mil DVDs, entre filmes e música. No subsolo, descendo pela escada, há o brechó, que começou com pessoas que ofereciam os LPs de parentes que morreram e com doações. São mais de 30 mil discos, todos usados e por um bom preço. Até o vendedor responsável pelo brechó tem um visual antigo, meio Elvis Presley, de topete e costeletas.

Pedro Passos não acredita que o Long Play vá voltar, apesar de alguns novos artistas terem lançado esse formato recentemente. “A venda da nova geração não pesa em termos de mercado”, diz Pedro. “O LP é para um público colecionador, não é a massa que compra”, completa o dono da mega loja. É por isso que o CD vendeu mais que o disco de vinil, é mais popular, mais acessível. No entanto, a pirataria está acabando com a Modern Sound, aliás “com todas as lojas”, ressalta o empresário lembrando que o prejuízo não é exclusivo de sua loja, mas de todas as lojas especializadas em música. A dívida da Modern Sound pode chegar a 3,3 milhões de reais.

Mas o comerciante Pedro Passos tenta se adaptar as novas necessidades do mercado. O estoque da loja diminuiu, mas não a variedade. “O importante agora é agilizar o atendimento”, esclarece Pedro. Se o cliente quer um título que não há em estoque, ele vai achar rapidamente. E acha mesmo. Mas é difícil não encontrar o que você quer entre mais de 80 mil títulos. Além de tudo, é um prazer garimpar a raridade que você procura entre tantos discos e escutando uma bela música, que toca ao vivo, no bistrô ao lado, que fica para depois, tema de um próximo post.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sugira, comente, manifeste-se sobre esse post!