11 agosto, 2010

Trilha do Artista - Neil Young (Parte I)

Um artista que produz incansavelmente desde os anos 60 e que já esteve presente em grupos tão importantes quanto o seu próprio nome. Este é o canadense Neil Young, e reduzir toda a sua obra no espaço tolerável para um post é um inútil exercício contra a superficialidade. Por isso, logo aviso que não será possível aqui contar a trajetória completa deste artista; vou me estender apenas até o ano de 1975, e pontuar alguns dos eventos mais importantes, que não são poucos. Os anos posteriores ficam para uma próxima ocasião.



Nascido em 1945 em Toronto, Neil Young se encantou pelo rock’n’roll bem cedo, durante a infância nos anos 50, quando ouvia clássicos como Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley pela rádio. O divórcio dos pais, quando tinha 12 anos, fez com que ele se mudasse para a casa da família em Winninpeg. Foi quando ainda estudava lá que começou a formar as primeiras bandas. Não chegou a completar o ensino médio, e logo em seguida conheceu Stephen Stills, que viria a ser seu parceiro em diversos trabalhos. Outra pessoa importante que conheceu logo nos primeiros anos de atividade foi a cantora Joni Mitchell.

Embora tenha chegado a fazer turnês solo antes disso, a carreira de Young só deslanchou para valer em 1966, quando formou o Buffalo Springfield, ao lado de Richie Furay, Dewey Martin e o já citado Stephen Stills. Logo no ano seguinte da formação, a banda já havia lançado dois discos clássicos, o homônimo Buffalo Springfield e Buffalo Springfield Again (nomes criativos não eram uma especialidade deles). A banda não durou muito, terminando no simbólico maio de 1968. Em novembro do mesmo ano, Young já estava lançando um disco solo.

Mas a grande sacada veio no álbum seguinte, quando o compositor resolveu recrutar três músicos para o acompanharem. Os escolhidos foram Danny Whitten (guitarra), Bill Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria). Egressos de uma banda chamada The Rockets, o trio assumiu o nome de Crazy Horse, em alusão ao líder da tribo de nativos americanos Oglala Lakota, que lutou contra o governo dos EUA no século XIX. O primeiro fruto da parceria foi o eletrizante Everbody know this is nowhere, disco que contava, entre outras jóias, com “Cowgirl in the sand”.

Logo em seguida, mas uma reviravolta: depois de terem lançado o primeiro disco, David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash ofereceram a Young a chance de colaborar com o supergrupo que haviam acabado de formar, o Crosby, Stills & Nash. O convite foi aceito por Young, com a condição de que ele se tornasse fixo. E assim os três mosqueteiros viraram quatro: Crosby, Stills, Nash & Young. Juntos, lançaram o celebrado Déjà Vú e tocaram no festival de Woodstock. Um de seus grandes sucessos foi justamente a versão para a música de Joni Mitchell, então namorada de Nash, sobre o evento.

Engolidos pela própria grandeza, o grupo se dispersou após a turnê de 1970, e cada integrante foi se dedicar a trabalhos solo. No caso de Neil Young, este trabalho foi After the gold rush, que contou com a participação de Stills e do baixista do CSNY, Greg Reeves. Os elogios conquistados entre a crítica com este disco foi seguido pelo sucesso comercial da obra seguinte, Harvest, de 71. Gravado em Nashville, no Tennessee, a Meca da música country, “Harvest” contém a clássica “Heart of gold”, que alcançou o topo das paradas, e a dolorosa “Needle and the damage is done”, que lamenta o vício em heroína de Danny Whitten, Um ano depois do lançamento do disco, o integrante do Crazy Horse veio a morrer em decorrência de uma overdose.

Abalado pela morte de Whitten e de outro colega, o roadie Bruce Berry, o que Young produziu em seguida foi muito diferente do que se poderia esperar. Ao invés de tentar criar um novo “Harvest”, a depressão do cantor teve como resultado a chamada “ditch trilogy”, algo como “a trilogia da sarjeta”. Apesar do nome, ela inclui três dos mais finos trabalhos do compositor. O primeiro é Times fades away, disco ao vivo de 73. Embora tenha sido bem recebido pela crítica, “Times...” é o único álbum de toda a discografia de Young que até hoje não foi lançado em CD. O motivo principal são as memórias negativas da turnê. Resultado: a obra ganhou o status de raridade, e suas cópias em vinil são extremamente disputadas.

Em seguida veio On the beach, álbum de estúdio de 74. Um dos meus favoritos pessoais, o disco pode ser entendido como uma grande ressaca dos anos 60. Uma das melhores faixas, “Revolution Blues”, é também uma das mais polêmicas que Young já compôs: a música faz referência ao assassino Charles Manson, que o cantor chegou a conhecer pessoalmente. Da mesma forma que “Times...”, “On the beach” também já foi uma raridade, até seu relançamento em 2003, após muita reclamação dos fãs.

Finalmente, temos Tonight’s the night, em cuja capa vemos o rosto do cavernoso Neil Young daquela época na capa. Gravado em 1973, o álbum só foi lançado em 75. A razão do atraso era a esperança da gravadora de que Young produzisse algo mais comercial enquanto isso. Mas, como já vimos, não foi o que aconteceu. As letras de “Tonight...” foram compostas apenas alguns meses após as mortes de Whitten e Berry. Entre os destaques, está “Tired Eyes”, que mais uma vez volta a falar do embate de Whitten com as drogas. A dor ainda é tão presente quanto em “Times...”, mas para a nossa sorte, o talento também.

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