24 setembro, 2010

Trilha Nova - Ária (Djavan)

Por Mariana Coutinho

Ária (2010)
Luanda Discos e Biscoito Fino

(1. Disfarça e Chora (Cartola/ Dalmo Castello)/
2. Oração ao Tempo (Caetano Veloso)/
3. Sabes Mentir (Othon Russo)/
4. Apoteose ao Samba (Silas de Oliveira/ Mano Décio da Viola)/
5. Luz e Mistério (Beto Guedes/ Caetano Veloso)/
6. La Noche (Enrique Heredia Carbonell/ Juan Jose Suarez Escobar)/
7. Treze de Dezembro (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas)/
8. Valsa Brasileira (Edu Lobo/ Chico Buarque)/
9. Brigas Nunca Mais (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes)/
10. Fly me to the Moon (Bart Howard)/
11. Nada a nos Separar (Wayne Shanklin/ Versão: Romeo Nunes)/
12. Palco (Gilberto Gil)


Ária, s.f. Peça de música para uma só voz; melodia; cantiga; parte que exprime o sentimento inspirado pelo assunto da cantada. No dicionário a palavra "ária" é quase um sinônimo para "canção". Mas o termo é normalmente usado para se referir a uma parte de uma obra maior, como uma ópera ou uma cantata. Foi exatamente a isso que a capa do novo disco de Djavan me remeteu, às óperas, às obras clássicas. Não é só o nome do CD que passa essa imagem, mas a própria capa, a foto do cantor vestindo terno (e tênis!) em preto e branco, em um cenário etéreo acompanhado por um violoncelo. Mas ao contrário do que eu possa estar sugerindo, "Ária" não é um disco de música clássica, ou não exatamente. O álbum é uma homenagem, não aos clássicos de Bach, Bizet ou Rossini, e sim, aos grandes clássicos da música popular brasileira.

Em seu primeiro disco como intérprete, Djavan canta um repertório extremamente pessoal. São músicas que ele ouvia principalmente na infância e na adolescência. Composições de Caetano Veloso, Cartola, Chico Buarque, Tom Jobim e Luiz Gonzaga. Para o alagoano, que sempre foi metido a compor (e sempre fez isso muito bem, diga-se de passagem) gravar um álbum com músicas alheias foi mesmo um desafio. Com um arranjo improvável, Djavan gravou o disco todo sem bateria. A instrumentação consistiu em violão, guitarra, baixo acústico e percussão. A base foi feita com voz e violão, gravados primeiro, ao invés de bateria e baixo, como é a convenção. Essas inovações, que Djavan quis fazer para "buscar outras texturas e correr riscos", construíram arranjos que flertam com o jazz e dão uma nova roupagem às músicas já conhecidas.

Algumas das melhores interpretações do disco são as de "Oração ao Tempo" de Caetano Veloso, "Luz e Mistério" também de Caetano em parceria com Beto Guedes, "Brigas Nunca Mais" de Tom e Vinicius, "Apoteose ao Samba" de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola, além da linda "Valsa Brasileira" de Chico Buarque e Edu Lobo. As canções mais conhecidas são provavelmente "Palco" de Gilberto Gil e "Fly Me To The Moon" de Bart Howard, imortalizada na voz de Frank Sinatra. Nas duas últimas, Djavan vai bem, mas não consegue alcançar as interpretações definitivas de Gil e Sinatra. Fugindo ao convencional, o cantor gravou ainda "La Noche", conhecida na interpretação da espanhola Montse Cortez, e "Treze de Dezembro" de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, em que não há letra e Djavan acompanha os instrumento fazendo um tipo de bebop, que lhe é característico.

O álbum, lançado pela gravadora própria Luanda Discos em parceria com a Biscoito Fino, vai gerar também uma turnê que começa em São Paulo nos dias 24 e 25 de setembro no Credicard Hall, e chega ao Rio nos dias 1 e 2 de outubro, no Citibank Hall. Os shows apresentam não só o repertório do disco recém-lançado, como os grandes sucessos de autoria de Djavan.

Confira os comentários de Djavan e os músicos sobre "Ária":



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