03 abril, 2011

Woody Allen and his New Orleans Jazz Band em Paris

Por Luiza Barros





Que Woody Allen é fã de jazz, isso é facil de perceber assistindo seus filmes. O que pode parecer novidade para alguns é o fato do diretor de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" ter a sua própria banda de jazz. Mas só parece mesmo, já que Allen toca clarineta na New Orleans Jazz Band há mais de três décadas. O projeto paralelo à sua carreira de cineasta já rendeu inclusive um documentário, “Wild Man Blues”, de 1997. No último sábado, a banda encerrou a sua turne européia em uma alegre apresentação no Grand Rex, em Paris. A escolha talvez não tenha sido à toa: a cidade é o cenário do filme mais recente de Woody, “Midnight in Paris”. Com a primeira-dama Carla Bruni no elenco, o longa sera lançado mundialmente em 11 de maio, no Festival de Cannes.



Mas apesar da grande estrela da noite ser um cineasta, e do Grand Rex ser, antes de tudo, um cinema (o mais tradicional de Paris), os 2 mil e 800 presentes estavam lá para escutar musica, ou pelo menos essa era a desculpa. Tão carismatico quanto controverso, Woody Allen é o tipo de figura que atrairia pagantes mesmo se fosse para assistir ele soprando bolinhas de sabão. Pela reação da plateia, que a cada movimento daquele senhor franzino, não sabia se aplaudia ou se sacava o iPhone, dava para perceber que o cara tem moral – afinal, não é sempre que se ve franceses tietando um americano.



Por outro lado, pode-se dizer que Woody fez sua parte galanteando o público: se esforçou no francês e fez charme dizendo que hoje tocaria a clarineta, embora, malheureusement, ele não tocasse bem. Avisou que ia tentar tocar alguma coisa e que, caso o som não agradasse, estavam todos livres para irem embora  procurar algo mais aprazivel. Como ninguém se levantou apos a primeira improvisação, o show fluiu sem sobressaltos. Por mais de uma hora, os sete integrantes da banda tocaram, sem perder o folêgo, uma boa amostra do festivo e inconfundível jazz de Nova Orleans. Ao que parece, a celebridade de Woody em outra arte faz com que ele e a sua banda livrem-se de qualquer pressão, tornando o palco o lugar mais confortável para se estar. Impossivel não resistir e batucar os pés juntos, dentro do limite que as apertadas fileiras de poltronas enveludadas do Rex permitiam.




Mesmo sendo aquela o tipo de apresentação focada no instrumental, os músicos não deixaram de cantar. Num revezamento, o trompetista Jerry Zigmont e o banjoista Eddy Davis (que também é diretor musical da banda) deram alguns versos à plateia. O que pelo menos eu não esperava era que, pertinho do final da primeira parte do show, Woody fosse se empolgar o suficiente para dar uma palhinha. Mesmo não dominando a voz tão bem quanto a clarineta ou mesmo a direção, a brincadeira foi mais do que suficiente para que, após a saída dos musicos, os franceses insistissem, batendo palmas, para que a banda voltasse. O pedido, ja esperado, foi atendido, e depois de meia-hora, outro retorno aconteceu. Insaciáveis, houve ainda alguns que clamaram por mais mesmo depois do segundo bis. Eu já estava começando a ficar preocupada com a saúde de um dos meus cineastas favoritos (imagino que não deve ser moleza soprar aquela clarineta por tanto tempo), quando Woody voltou para avisar que tinha sido fantástico, mas ele estava realmente fatigué e tinha que pegar o voo para Nova York ainda naquela noite. E que noite.




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