22 novembro, 2009

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim

Por Mariana Coutinho

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim (1967)
1967
Reprise Records/Philips

‘The Voice’ & The Conductor

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim foi a primeira parceria da dupla. Em 1971 Frank lançaria o disco Sinatra & Company, cujo primeiro lado conta com músicas de bossa nova que haviam sido cortadas do álbum de 1967, e uma segunda parte com influência de soft-rock. E em 1979 foi lançado apenas no Brasil um LP duplo chamado Sinatra & Jobim Sessions, com ambas as parcerias de Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim e Sinatra & Company.

Ainda em 1967, Frank e Tom gravaram um programa de TV com Ella Fitzgerald, chamado A Man and His Music + Ella + Jobim acompanhados pelas orquestras de Nelson Riddle e Gordon Jenkins. Abaixo você pode ver uma parte do programa:




O Disco

O disco reuniu versões em inglês de músicas de Tom; com arranjos de bossa nova para músicas do Great American Songbook.

1) The Girl From Ipanema (Garota de Ipanema) – Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A batida gostosa da bossa e os vocais intercalados de Frank e Tom preservam a carioquês da música brasileira mais executada em todo o mundo. É sem dúvida uma das melhores versões de Garota de Ipanema e foi muito bem escolhida para abrir o disco.

2) Dindi – Tom Jobim, Aloysio de Oliveira.

A batida fraca do violão marca levemente a meia-capela de Frank, a música é fluida e, como é característica da bossa, parece cantada ao pé do ouvido.

3) Change Partners – Irving Berlin

‘Change Partners’ foi escrita para o filme Carefree, de 1935, onde foi introduzida por Fred Astaire. O flerte de Fred e Ginger Rogers, quando ouvido pela primeira vez na voz de Sinatra parece já ter nascido no ritmo carioca.

4) Quiet Nights of Quiet Stars (Corcovado) – Tom Jobim

Apesar da versão em inglês mudar um pouco o sentido da letra, não se pode negar que é uma belíssima interpretação. O arranjo é maravilhoso. E mesmo perdendo as referências ao Corcovado e ao Redentor, a música ainda preserva o clima natural, de tranquilidade e paixão que o Rio de Janeiro traz. É uma das melhores músicas do disco.

5) Meditations (Meditação) – Newton Mendonça e Tom Jobim

Mais um dos clássicos da bossa nova que parece feito para a voz de Sinatra.

6) If you never come to me (Inútil Paisagem) – Tom Jobim e Aloysio de Oliveira

É visível o cuidado que se teve com a letra dessa versão em inglês de ‘Inútil Paisagem’. Apesar das construções e analogias obviamente serem diferentes da versão original, permanece o mesmo sentido da letra escrita em português. O leve piano dá um toque charmoso à música.

7) How Insensitive (Insensatez) – Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Uma das mais belas músicas desse álbum e de toda a bossa nova. A versão original (em português) culpa o coração do poeta pelo término de um relacionamento. A versão do disco de 1967 lamenta a frieza com que o poeta tratou sua amada. As duas letras falam de culpa, perdão, orgulho e amor.

8) I Concentrate on You – Cole Porter

Essa música foi escrita por Cole Porter para o musical ‘Broadway Melody of 1940’ e introduzida por Douglas McPhail. Ella Fitzgerald também gravou uma versão muito conhecida dessa música. Assim como ‘Change Parterns’, para quem escuta ‘I Concentrate on You’ pela primeira neste álbum de Sinatra e Jobim, é difícil imaginar que a música não tenha sido composta em ritmo de bossa nova. A letra romântica e esperançosa, no entanto um pouco melancólica, ganha outra vida com o arranjo, a interpretação de Frank e as pequenas intervenções vocais de Tom.

9) Baubles, Bangles and Beads – Robert Wright e George Forrest

Essa música foi escrita para o musical Kismet. Uma das melhores escolhas para este disco. A letra alegre, cheia de jogos de palavras, coube perfeitamente no arranjo de Claus Ogerman. Com um tom tranquilo, mas extremamente brincalhão, ‘Baubles, Bangles and Beads’ dá vontade de dançar

10) Once I loved (O amor em paz) – Tom Jobim e Vinicius de Moraes

A introdução lembra os antigos musicais, mas uma batida marcante antecede a entrada de Sinatra. Como ‘Garota de Ipanema’ era a música perfeita para abrir esse álbum, ‘O amor em paz’ tem a medida certa para fechá-lo.

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim é a introdução perfeita a todos os conceitos da bossa nova. Para quem escuta o álbum de olhos fechados não é difícil imaginar a praia de Copacabana apinhada de banhistas em um dia de sol digno do verão carioca. Ou uma linda garota exibindo seu bronzeado pelo calçadão de Ipanema. Pode ser que ouvindo essas músicas você imagine um entardecer fresco, uma rede, e sinta os tons alaranjados do dia se transformarem num sereno azul, em noites silenciosas e calmas estrelas. Ou talvez o ouvinte consiga ultrapassar todas as imagens e sinta a brisa fresca tocar seu rosto e o cheiro de maresia. Seu coração cantará ‘sing singa-linga’, terá vontade de dançar ao som de ‘bangles and beads’, lamentará toda a insensatez de seu próprio coração, e mostrará que os sábios podem estar errados, concentrando-se no amor, que afinal de contas, é a coisa mais triste quando se desfaz. O que não se pode é deixar de sentir a bossa nova, que pede emoção, naturalidade e imaginação.

Pesquisa bibliográfica: CliqueMusic UOL, Sinatra.Com, Wikipedia

3 comentários:

  1. Fiquei com vontade de ir ao Arpoador, ouvir uma bossa nova, enquanto tomo uma água de coco. Mas no fim de tarde, porque está muito quente!

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  2. Muito boa a resenha, Mari. Sinatra e Jobim é classe pura.

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  3. Pois Robson, quando tava ouvindo o cd pra fazer a resenha deu vontade de ir a praia mesmo...por isso que eu usei todo o meu lado poético na escrita, haha!
    Valeu Luiza!

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