29 novembro, 2009

Trilha Antiga - The Queen Is Dead (The Smiths)

The Smiths - The Queen Is Dead
1986
Rough Trade
Produção: Johnny Marr/Morrissey
Projeto Gráfico: Caryn Gough/Morrissey
Nacionalidade: Inglaterra
Duração: 36:47

(1.The Queen Is Dead/2.Frankly, Mr.Shankly/3.I Know It's Over/4.Never Had No One Ever/5.Cemetry Gates/6.Bigmouth Strikes Again/7.The Boy With The Thorn In His Side/8.Vicar In a Tutu/9.There's a Light That Never Goes Out/10.Some Girls Are Bigger Than Others)


“A rainha está morta, garotos.” Foi o que avisou Steven Patrick Morrissey à juventude inglesa em 16 junho de 1986, quando foi lançado por lá The Queen Is Dead, o terceiro – e mais famoso – albúm de sua banda, The Smiths. A frase resume a insatisfação com a velha Inglaterra não só do cantor, mas de toda uma legião de jovens desamparados em meio à breguice e ao consumismo dos anos 80. E ele não tinha medo de apontar culpados – a família real e a primeira-ministra Margareth Thatcher entre eles.

Enquanto a música pop se embebedava em baladas pasteurizadas e faixas entupidas de sintetizadores e batidas eletrônicas, o Smiths apostavam simplesmente na habilidade de seus músicos: Mike Joyce na bateria, Andy Rourke no baixo, e claro, o genial compositor Johnny Marr na guitarra. Não que a produção fosse desleixada. Pelo contrário. O perfeccionismo da banda fica evidente em The Queen Is Dead. Cada detalhe parece estar em seu devido lugar, com a sua devida execução.

Deveria ter avisado antes, mas sou suspeita para falar desse disco. Afinal, sou uma dos que tiveram a vida salva pela banda. Ou para ser menos dramática, pelo menos nos momentos mais espinhosos da adolescência. Melancólico que só ele, as letras de Morrissey são de acabar com qualquer um. Unidas às melodias arrebatadoras de Marr, mais ainda. Ao mesmo tempo, não deixa de ser reconfortante saber que você não é o único na vida que sofre de amor – ou como é comum na temática da banda, pela falta dele. Escutem “I Know It's Over” e “Never Had No One Ever” e vocês vão entender do que eu estou falando. Os Smiths souberam falar sobre a solidão como ninguém, muito antes da pieguice dos emos torná-la patética. Não. Aqui, ela era poética, isso sim.

Mas não é só de tristeza que o disco fala. Um lado menos comentado, mas nem por isso menos inspirado de Morrissey e Marr é o humor da dupla. Para letras cômicas, irônicas e caústicas, ritmos semelhantes. Nessa categoria, “Cemetry Gates” é a favorita. Afinal, nada como um pavoroso dia ensolarado para se encontrar no cemitério e discutir literatura. E também há “Frankly Mr Shankly”, que divide opiniões: uns amam, outros detestam. Eu pessoalmente não gosto muito. Já a Mariana Coutinho adora!

Só que de todas as dez maravilhosas faixas do disco, há duas que marcam em especial, e que sempre se revezavam nas minhas listas de favoritas dos Smiths: “There's a Light That Never Goes Out” e “The Boy With The Thorn In His Side”. As duas com uma beleza impossível (pelo menos para mim) de explicar. Melhor conferir o vídeo abaixo. Curioso é que, ao contrário da maioria das músicas dos Smiths, aqui ainda há esperança. Mesmo que ela seja de ao menos morrer ao lado de quem se ama, ou de algum dia, quem sabe, ser compreendido.



Um ano depois de The Queen Is Dead, os Smiths teriam seu fim. Mas a mensagem deles perdura. Em suas apresentações, Morrissey costumava, simplesmente, distribuir flores para o público. Ainda há espaço para o lirismo, parecia dizer, apesar da alienação da mídia, das mentiras dos políticos, da superficialidade das pessoas. E mais de vinte anos depois, eu, romântica que sou, continuo a acreditar.

Dados técnicos do disco retirados do livro "1001 discos para ouvir antes de morrer", org. Robert Dimery

4 comentários:

  1. Luiza...Muito boa a resenha
    E sim, eu gosto de Frankly Mr Shankly, apesar de mta gente não gostar :D

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  2. Esse disco é ótimo do the smiths !!!umas da minha favoritas é "bigmouth strikes again" muito bom mesmo !!!!

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  3. É o melhor disco dos Smiths, e um dos melhores de todos os tempos! Daqueles que você ouve faixa por faixa, na sequência, sem pular uma só.

    Uma coisa que adoro comentar é que esse disco me faz rir (de gargalhar! Quando ouço The Queen is Dead e a frase "I know you and you cannot sing, i said 'that's nothing, you should hear me play piano') e chorar ao mesmo tempo.

    Muito bom seu artigo!

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