15 dezembro, 2009

Trilha Antiga - The Velvet Underground and Nico (The Velvet Underground)


The Velvet Underground - The Velvet Underground and Nico
1967
Verve
Produção: Andy Warhol/Tom Wilson
Projeto Gráfico: Andy Warhol
Nacionalidade: EUA
Duração: 48:34


(1.Sunday Morning/2.I'm Waiting For The Man/3.Femme Fatale/4.Venus In Furs/5.Run Run Run/6.All Tomorrow's Parties/7.Heroin/8.There She Goes Again/9.I'll Be Your Mirror/10.The Black Angel's Death Song/11.European Son)

Existem dois tipos de clássicos: os instantâneos, que ganham fama e glória no momento em que são lançados, e os que só são reconhecidos depois de muito, muito tempo. Na primeira categoria, os exemplos mais óbvios são Thriller e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. E na segunda, o objeto da nossa Trilha Antiga de hoje: The Velvet Underground and Nico.

Ao ouvi-lo, é muito fácil de entender porque The Velvet... não fez sucesso algum na sua época e porque é tão cultuado hoje. Lançado em 1967, o disco – e os seus criadores – eram diferentes de tudo que se fazia na época. Enquanto a juventude hippie vagava pelas ruas com suas roupas coloridas, os integrantes do Velvet posavam cínicos de óculos escuros e golas rolê negras.

Mas as roupas são o de menos. O que espantava mesmo era (o que mais?) a música. Paz e amor? O grupo de Lou Reed e John Cale preferia falar de drogas pesadas (“Heroin”) e sadomasoquismo (“Venus In Furs”). E faziam muito barulho para falar disso, no sentido mais literal da palavra. Para quem escuta o disco pela primeira vez, é no mínimo surpreendente se deparar com o som arranhado de “I’m Waiting For The Man” logo após “Sunday Morning”, faixa de abertura que lembra (propositalmente) uma suave canção de ninar.

As surpresas continuam por todo o disco, inclusive na canção seguinte, “Femme Fatale”, quando a barulheira cessa para dar espaço a uma voz feminina e etérea. A dona dela é a tal de Nico que aparece no nome do disco. A participação da cantora e modelo foi uma exigência de Andy Warhol, que era uma espécie de "patrocinador" da banda. A ligação com o artista plástico, além de explicar porque ele assina a arte da capa, também evidencia as intenções do Velvet na música, até certo ponto próximas das de Warhol na arte. A sociedade americana estava exposta como nunca: seja com retratos de seus ídolos em cores berrantes pendurados nas galerias, seja com as histórias de seu até então ignorado submundo contadas em altas notas.

Sim, é verdade que pouca gente possa ter escutado essas notas na época – reza a lenda que apenas 52 pessoas compraram o disco – mas isso não significa que o Velvet tenha falhado em seu projeto. Afinal, a lenda também reza que todo mundo que comprou o disco também começou uma banda, e David Bowie e Brian Eno estão aí para comprovar, pergunte a eles (ou ao Google) quando puder. O som enlouquecedorr de The Velvet Underground and Nico ainda reverbera, atordoando todos os que se arriscam em ouvi-lo. E isso é bom, muito bom.

Dados técnicos do disco retirados do livro "1001 discos para se ouvir antes de morrer", org. Robert Dimery.


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