(1.Sunday Morning/2.I'm Waiting For The Man/3.Femme Fatale/4.Venus In Furs/5.Run Run Run/6.All Tomorrow's Parties/7.Heroin/8.There She Goes Again/9.I'll Be Your Mirror/10.The Black Angel's Death Song/11.European Son)
Existem dois tipos de clássicos: os instantâneos, que ganham fama e glória no momento em que são lançados, e os que só são reconhecidos depois de muito, muito tempo. Na primeira categoria, os exemplos mais óbvios são Thriller e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. E na segunda, o objeto da nossa Trilha Antiga de hoje: The Velvet Underground and Nico.
Ao ouvi-lo, é muito fácil de entender porque The Velvet... não fez sucesso algum na sua época e porque é tão cultuado hoje. Lançado em 1967, o disco – e os seus criadores – eram diferentes de tudo que se fazia na época. Enquanto a juventude hippie vagava pelas ruas com suas roupas coloridas, os integrantes do Velvet posavam cínicos de óculos escuros e golas rolê negras.
Mas as roupas são o de menos. O que espantava mesmo era (o que mais?) a música. Paz e amor? O grupo de Lou Reed e John Cale preferia falar de drogas pesadas (“Heroin”) e sadomasoquismo (“Venus In Furs”). E faziam muito barulho para falar disso, no sentido mais literal da palavra. Para quem escuta o disco pela primeira vez, é no mínimo surpreendente se deparar com o som arranhado de “I’m Waiting For The Man” logo após “Sunday Morning”, faixa de abertura que lembra (propositalmente) uma suave canção de ninar.
As surpresas continuam por todo o disco, inclusive na canção seguinte, “Femme Fatale”, quando a barulheira cessa para dar espaço a uma voz feminina e etérea. A dona dela é a tal de Nico que aparece no nome do disco. A participação da cantora e modelo foi uma exigência de Andy Warhol, que era uma espécie de "patrocinador" da banda. A ligação com o artista plástico, além de explicar porque ele assina a arte da capa, também evidencia as intenções do Velvet na música, até certo ponto próximas das de Warhol na arte. A sociedade americana estava exposta como nunca: seja com retratos de seus ídolos em cores berrantes pendurados nas galerias, seja com as histórias de seu até então ignorado submundo contadas em altas notas.
Sim, é verdade que pouca gente possa ter escutado essas notas na época – reza a lenda que apenas 52 pessoas compraram o disco – mas isso não significa que o Velvet tenha falhado em seu projeto. Afinal, a lenda também reza que todo mundo que comprou o disco também começou uma banda, e David Bowie e Brian Eno estão aí para comprovar, pergunte a eles (ou ao Google) quando puder. O som enlouquecedorr de The Velvet Underground and Nico ainda reverbera, atordoando todos os que se arriscam
Dados técnicos do disco retirados do livro "1001 discos para se ouvir antes de morrer", org. Robert Dimery.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugira, comente, manifeste-se sobre esse post!