04 dezembro, 2009

Trilha do Disco - Arlequim

Por Robson Sales

O Paço Imperial, um lugar com ares de século XVII, às margens de uma das avenidas mais movimentadas do Centro do Rio, já foi casa da moeda e casa de governador, em 1743. Já foi promovido a Palácio dos Vice-Reis e depois despromovido a departamento dos correios e telégrafos. Hoje é um museu, que é tombado como patrimônio histórico, e abriga a aconchegante loja de discos Arlequim.

Numa harmonia calma, o jazz acolhe quem entra pela porta de vidro e pisa no chão de pedra antiga dessa loja na Praça XV. Criada há 16 anos por Fernando Guilhon e Ronald Skin, a loja tinha como objetivo vender música clássica e jazz. Mas acabou se tornando referência em música independente e artistas alternativos.

Se você procura por Cláudia Leitte, é melhor ir à outra loja. O calmo e receptivo gerente Márcio Pinheiro diz que não há títulos como esse à venda. Há, sim, uma extensa prateleira com ritmos argentinos, que se acabaram depois da morte de Mercedes Sosa, em outubro. Marcio viajou para a Argentina atrás de clássicos do tango dos anos 30, 40 e 50 do século passado. Agora pensa em montar uma seção de música africana. Está de olho na música da África do Sul, por causa da Copa de 2010. O gerente lamenta que a cultura africana não é mostrada comercialmente ao mundo.

A loja, que já teve uma filial no Leblon fechada por culpa da crise do disco, não teme concorrência. Muito menos da pirataria. Segundo Marcio, não há um só título da loja que seja vendido também no camelô. Claro, a Arlequim vende discos importados, sambas e choros de primeira qualidade, músicos independentes, artistas de Pernambuco, ou seja, nada que interessa ao público alvo da pirataria. É por isso que Marcio acha que não é a pirataria que está destruindo as gravadoras.

A Arlequim pesquisa novos discos pelo mundo, que você pode ouvir num toca discos diferente, de ferro verde, com fones grandes, meio antigo. Contrata vendedores que entendem de música, como Ruy, que sabe tudo sobre os ritmos brasileiros.

Bisbilhotando as prateleiras podemos descobrir raridades e correndo pela seção de filmes, achamos diretores clássicos imperdíveis. Há ainda um balcão cheio de souvenirs. São imãs com desenhos diferentes, bloquinhos com capas bem feitas, cartões, camisetas e chaveiros que você fica observando e não consegue não pôr a mão.

Ao fundo, uma livraria segue pelo mesmo caminho: lutando pela qualidade. Há muitos títulos de editoras universitárias. As mesinhas da cafeteria são colocadas estrategicamente entre a livraria e a loja de discos. Deveria ter experimentado o café, cujo cheiro se espalha e se mistura com o jazz que não para de tocar dentro da loja.

Sob um pé-direito altíssimo e teto de madeira, típico de construções antigas, siga as instruções da loja de ler, ouvir e comer.

No vídeo abaixo, um pouquinho do papo com Marcio e algumas fotos da loja. Conversamos desde mercado fonográfico até Lojas Americanas, passando pelo discurso das gravadoras sobre pirataria. Ele lembra que investir em discos não é barato, mas que vale a pena. MP3 não passa de pai para filho e não fica com aquela poeirinha que tem história.

Fotos de Luiza Baptista

4 comentários:

  1. Não podia deixar de comentar, adoro essa loja, cm td mundo sabe. E tenho quase certeza que era a Nina Simone que tava tocando na hora da entrevista. :P

    Por sinal, concordo em td que o Marcio disse sobre as gravadoras.^^

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  2. Só. Trilha Sonzeira então. Vou até mostrar prum camarada meu, viajadô e escutadô de sambas, choros, boleros e afins.

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  3. parece ser boa a loja e é dificil encontrar uma dessas hoje em dia

    http://midiasocialbrasil.blogspot.com/

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  4. Essa loja é uma verdadeira raridade nos dias de hoje!!!

    Música, Cinema e Entretenimento.
    http://rodzonline.blogspot.com/

    abçs

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