13 fevereiro, 2010

Trilha Nova Especial de Carnaval - Disney Adventures In Samba

Por Luiza Barros

Vários Artistas
2009
Walt Disney Records
(1. Aquarela do Brasil-Alexandre Pires/2.Bahia (Na Baixa do Sapateiro)/3. Tico-Tico no Fubá – Leci Brandão/4.A Estrela Azul – Martinho da Vila/5. Você Já Foi à Bahia? - Margareth Menezes/6. Aqui No Mar – Diogo Nogueira/7. A Bela e a Fera – Alcione e Sylvinha/8. Eu Vou – Grupo Molejo/9. O que Eu Quero Mais é Ser Rei – Exaltasamba/10. Somente o Necessário – Dudu Nobre/11.Supercalifragilisticexpialidocious – Ana Rosa/ 12. Amigo Estou Aqui – Jorge Aragão/13. Os Quindin de Yá Yá – Casuarina/ 14. Pagode da Disney – Arlindo Cruz)

Antes de tudo, devo avisar: em termos de “carnaval” e de “samba”, as palavras-chave desse post, sou paulista. Ou pior, gringa mesmo. Branquela, sem jeito, desengonçada. Não que eu não goste de samba – gosto, só não tenho ele no pé. Talvez por isso eu não fosse a pessoa mais apropriada do blog para escrever sobre o assunto (Raiane? Robson?), mas o lançamento desse “Disney Adventures In Samba” (leia-se: Disco de Músicas da Disney em Ritmo de Samba) chamou minha atenção.

Como nove em cada dez crianças, o cancioneiro da Disney fez parte da minha infância. Então, a iniciativa de passá-las para a linguagem do samba me pareceu muito simpática. Mesmo que não me interesse – e mesmo questione – a qualidade de boa parte dos elencados para esse disco. Digamos, por exemplo, o Grupo Molejo – sim, aquele mesmo, de “Brincadeira de Criança” e “Dança da Vassoura”, que também fizeram parte da minha infância, embora eu não me orgulhe do fato. Mas o grupo não se saiu tão mal assim. A versão deles de “Eu Vou” (aquela, dos sete anões) é tosca, bem tosca, mas deveras engraçada.

Mas mesmo que até o Molejo tenha conseguido tapear, o “casting” prejudica quando a coisa fica séria. O maior exemplo disso é justamente a faixa-título, “Aquarela do Brasil”, que como vocês sabem, não é da Disney, mas de Ary Barroso. O clássico, no entanto, se popularizou no exterior quando foi utilizado no filme “Alô Amigos”, de 1942, iniciativa de Walt Disney em concomitância com os interesses da política da boa-vizinhança. Dada a importância histórica da faixa, seria de se esperar a escolha de algum intérprete com mais gabarito do que o medíocre Alexandre Pires.
Outra bola fora é a de Daniela Mercury em “Bahia (Na Baixa do Sapateiro)”, também outra música marcante de Ary Barroso. A baiana, que já colaborou com a Disney no filme Pocahontas , soa mais do que exagerada. Afinal, o nome do disco não é “Disney Adventures In Axé”, para o bem dos nossos ouvidos. Melhor ficar com a versão sofrida de Elis Regina.

Mesmo assim, são mais os bons momentos do que os ruins. O melhor é o de Jorge Aragão em “Amigo Estou Aqui”, de “Toy Story”. Uma das melhores da Disney, a música ficou mais cativante ainda com essa interpretação carinhosa. Martinho da Vila também não faz por menos na clássica “A Estrela Azul”, de “Pinóquio”. Dá pra quase voltar a acreditar nessa ladainha de pedir para a estrela. Outra interpretação bem-sucedida é a de Alcione e sua sobrinha Sylvinha (que por sinal tem uma voz ótima), em “A Bela e a Fera”, do filme homônimo, um dos mais belos do estúdio. Aqui, devemos dizer, a escalação foi mais do que bem feita. Não consigo imaginar em ninguém melhor do que a Alcione no papel do Bule de Chá do filme. E não é piada!

Transformar uma balada como “A Bela e a Fera” em samba-canção parece um desafio, mas outras faixas impressionam justamente por sua fácil adequação ao gênero, tanto do ritmo quanto nas letras: entre elas “Eu Quero Mais É Ser Rei”, de “Rei Leão”, “Aqui No Mar”, de “A Pequena Sereia” e “Somente o Necessário”, de “Mogli, o Menino Lobo”. O disco conta ainda com uma faixa inédita, “Pagode da Disney”, de Arlindo Cruz. Não chega a empolgar, mas vale pela homenagem. E apesar de uma nota ou outra fora do tom, o resultado final é positivo. Adultos mais exigentes podem implicar, mas os pequenos com certeza vão curtir. E aprender a sambar até, quem sabe.

E como o interesse da Disney pelo Brasil vem de longe, você confere aqui a primeira aparição do personagem Zé Carioca (ou Joe Carioca, como ele é conhecido nos EUA) aqui, direto de uma época em que beber cachaça e fumar charuto num desenho infantil não tinha nada de mais:

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