25 março, 2010

Filho de peixe, peixinho é?


Pense rápido: quantos cantores do cenário atual você conhece que são filhos de grandes nomes da música? Só enquanto terminava de escrever essa frase, lembrei de pelo menos dez. Mas será que todos realmente herdaram o talento dos pais ou simplesmente estão no mercado por terem muitos contatos? E até que ponto é tão bom assim ser filho de um artista consagrado?

Em algumas famílias, o “dom” é distribuído entre todos os irmãos. Basta pensar em Sandy & Junior – filhos de Xororó (quase incluo o Chitãozinho na história), Simoninha e Max de Castro – Wilson Simonal, Maria Rita e Pedro Mariano – Elis Regina, Luciana Mello e Jairzinho – Jair Rodrigues... E quem se lembra do SNZ, rebento de Baby Consuelo e Pepeu Gomes, com Sarah Sheeva, Nãna Shara e Zabelê? Inesquecível!

Jair Rodrigues e família

Quando discutimos o assunto, normalmente concluímos logo: “óbvio que tudo fica mais fácil”. Ainda mais quando se carrega o sobrenome do pai famoso. Preta GIL (filha do Gilberto), Bebel GILBERTO (filha do João), Luiza POSSI (filha da Zizi)... Parecem palavrinhas mágicas, que abrem todas as portas.

É claro que ser filho do Martinho da Vila ou do João Nogueira, por exemplo, ajuda bastante na carreira. Em um dos seus primeiros CDs, a Mart’nália já ganhou uma música do Djavan (“Dja”, como ela se refere) - "Celeuma". Já o Diogo Nogueira, no último álbum, gravou uma composição de ninguém mais, ninguém menos que Chico Buarque e Ivan Lins - "Sou eu". Isso sem contar todos os bambas do samba que os dois cantores-filhos-de-cantores conhecem, por terem crescido no meio.

Mas nem sempre as coisas são tão fáceis assim. O mesmo Diogo Nogueira é alvo de muitas críticas. Dizem que ele força a voz para parecer com a do pai, reclamam por ele regravar muitas músicas do pai, etc. E o que dizer da Maria Rita, que enquanto não mudou de estilo, foi acusada de imitar as performances de Elis? Não adianta. Tudo de bom e de ruim, vai ser sempre culpa dos pais.

Agora, tentem se imaginar no lugar desses filhos. Se meu pai ou minha mãe fossem cantores, acho que faria questão de regravar algumas de suas músicas. Não para tentar roubar o público deles, mas por admirá-los e até como uma homenagem. Além disso, é uma forma de apresentar grandes sucessos do passado para o público mais jovem. Eu, por exemplo, conheci muita coisa do João Nogueira depois de começar a ouvir o Diogo.

Só que também acho importante apostar em estilos diferentes, novas composições e parcerias, mostrar originalidade, personalidade. Talvez assim as pessoas reconheçam a qualidade do trabalho dessa nova geração e vejam que não são só filhos de famosos pegando carona no sucesso dos pais.

Mas para isso, é preciso talento. Eu sou filha de comerciante, mas não consigo dar o troco certo para alguém sem antes pensar duas vezes. Já que é assim, acho melhor continuar estudando jornalismo.

Assista a Fábio Junior e o filho, Fiuk, cantando juntos a música “Pai”, no Domingão do Faustão:

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