Parlophone/Virgin
1."Orchestral Intro" (featuring sinfonia ViVA)/2. "Welcome to the World of the Plastic Beach" (featuring Snoop Dogg and Hypnotic Brass Ensemble)/3. "White Flag" (featuring Bashy, Kano, and The Lebanese National Orchestra for Oriental Arabic Music)/4. "Rhinestone Eyes"/5. "Stylo" (featuring Bobby Womack and Mos Def)/6. "Superfast Jellyfish" (featuring Gruff Rhys and De La Soul)/7. "Empire Ants" (featuring Little Dragon)/ 8. "Glitter Freeze" (featuring Mark E. Smith)/9. "Some Kind of Nature" (featuring Lou Reed)/10. "On Melancholy Hill"/ 11. "Broken"/ 12. "Sweepstakes" (featuring Mos Def and Hypnotic Brass Ensemble)/ 13. "Plastic Beach" (featuring Mick Jones and Paul Simonon)/14. "To Binge" (featuring Little Dragon)/ 15. "Cloud of Unknowing" (featuring Bobby Womack and sinfonia Viva)/16. "Pirate Jet"
Por Luiza Barros
Ano passado, o nosso presidente do Supremo causou polêmica ao comparar jornalistas com cozinheiros. As minhas intenções aqui não poderiam ser mais diferentes do que a de Gilmar Mendes, mas me vejo agora obrigada a comparar músicos com cozinheiros. O que me leva a isso é o excelente disco novo do Gorillaz, Plastic Beach. Ao refletir sobre ele para escrever este post, várias metáforas relacionadas ao mundo da culinária me vinham à mente. Por quê? Talvez se eu começar a utilizá-las fique mais claro: Plastic Beach é nada mais do que uma perfeita mistura dos mais variados ingredientes, cheia de tempero e bom gosto. E o homem por trás desse tour de force, Damon Albarn, um verdadeiro mestre-cuca.
Qual a receita de Albarn? Difícil definir. O rapaz é audacioso e coloca um pouco de tudo na panela: rap, rock, trip hop, música clássica e oriental. O ecletismo fica mais claro ainda se passarmos os olhos pelos nomes dos convidados especiais do disco: os rappers Mos Def e Snoop Dogg, o grupo sueco de eletrônico Little Dragon, os ex-integrantes do Clash, Mick Jones e Paul Simonon, o ex-vocalista do The Fall, Mark E. Smith, o lendário Lou Reed, do Velvet Underground, e até a Orquestra Nacional Libanesa de Música Árabe Oriental (Achou muita gente? Eu não falei o nome de todos!). Resumindo, com toda essa confusão multicultural, era grande a chance de isso dar errado (imaginem Snoop Dogg tirando sarro do amargurado Mark E. Smith enquanto a Orquestra Libanesa toca).
Mas não só o disco da certo como consegue ter unidade. É perceptível que apesar de seus variados sabores, as faixas convergem para uma mensagem comum: a reflexão sobre um sistema voltado para o consumo de massa e seu impacto no meio ambiente. No entanto, as letras nem de longe lembram a pieguice e o didatismo com que o assunto é geralmente abordado. Na verdade, cada número funciona como uma pequena crônica. Pode ser no formato da (obviamente) melancólica “On A Melancholy Hill” ou na irônica “Superfast Jellyfish”, que ridiculariza a indústria alimentícia. A frustração de Albarn com um mundo cada vez mais artificializado já vinha desde os tempos do Blur (um dos discos deles se chama Modern Life Is Rubbish – "A Vida Moderna é um Lixo", preciso dizer algo mais?). Em Plastic Beach, mais uma vez, o nome do álbum já entrega tudo. Em apenas duas palavras, “Plastic (Plástico)” e “Beach (Praia)” já se encontram todo o conflito entre o natural e o artificial do trabalho.
Resumindo: o Gorillaz conseguiu unir conteúdo e qualidade musical com uma originalidade que se a muito não se via por aí. Tudo isso sem ser chato – o disco é completamente radiofônico e capaz, talvez, de agradar a praticamente todos os paladares. Dito isso, não me resta mais do que cair no clichê e te desejar um bom apetite.
Você pode assistir o clipe do single "Stylo", com participação do ator Bruce Willis, aqui.
Ano passado, o nosso presidente do Supremo causou polêmica ao comparar jornalistas com cozinheiros. As minhas intenções aqui não poderiam ser mais diferentes do que a de Gilmar Mendes, mas me vejo agora obrigada a comparar músicos com cozinheiros. O que me leva a isso é o excelente disco novo do Gorillaz, Plastic Beach. Ao refletir sobre ele para escrever este post, várias metáforas relacionadas ao mundo da culinária me vinham à mente. Por quê? Talvez se eu começar a utilizá-las fique mais claro: Plastic Beach é nada mais do que uma perfeita mistura dos mais variados ingredientes, cheia de tempero e bom gosto. E o homem por trás desse tour de force, Damon Albarn, um verdadeiro mestre-cuca.
Qual a receita de Albarn? Difícil definir. O rapaz é audacioso e coloca um pouco de tudo na panela: rap, rock, trip hop, música clássica e oriental. O ecletismo fica mais claro ainda se passarmos os olhos pelos nomes dos convidados especiais do disco: os rappers Mos Def e Snoop Dogg, o grupo sueco de eletrônico Little Dragon, os ex-integrantes do Clash, Mick Jones e Paul Simonon, o ex-vocalista do The Fall, Mark E. Smith, o lendário Lou Reed, do Velvet Underground, e até a Orquestra Nacional Libanesa de Música Árabe Oriental (Achou muita gente? Eu não falei o nome de todos!). Resumindo, com toda essa confusão multicultural, era grande a chance de isso dar errado (imaginem Snoop Dogg tirando sarro do amargurado Mark E. Smith enquanto a Orquestra Libanesa toca).
Mas não só o disco da certo como consegue ter unidade. É perceptível que apesar de seus variados sabores, as faixas convergem para uma mensagem comum: a reflexão sobre um sistema voltado para o consumo de massa e seu impacto no meio ambiente. No entanto, as letras nem de longe lembram a pieguice e o didatismo com que o assunto é geralmente abordado. Na verdade, cada número funciona como uma pequena crônica. Pode ser no formato da (obviamente) melancólica “On A Melancholy Hill” ou na irônica “Superfast Jellyfish”, que ridiculariza a indústria alimentícia. A frustração de Albarn com um mundo cada vez mais artificializado já vinha desde os tempos do Blur (um dos discos deles se chama Modern Life Is Rubbish – "A Vida Moderna é um Lixo", preciso dizer algo mais?). Em Plastic Beach, mais uma vez, o nome do álbum já entrega tudo. Em apenas duas palavras, “Plastic (Plástico)” e “Beach (Praia)” já se encontram todo o conflito entre o natural e o artificial do trabalho.
Resumindo: o Gorillaz conseguiu unir conteúdo e qualidade musical com uma originalidade que se a muito não se via por aí. Tudo isso sem ser chato – o disco é completamente radiofônico e capaz, talvez, de agradar a praticamente todos os paladares. Dito isso, não me resta mais do que cair no clichê e te desejar um bom apetite.
Você pode assistir o clipe do single "Stylo", com participação do ator Bruce Willis, aqui.
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