15 março, 2010

Trilha Antiga – Achtung Baby (U2)

Por Luiza Barros

Selo: Island
P
rodução: Brian Eno/Daniel Lanois
Projeto Gráfico: Steve Averill/Shaughn McGrath
Nacionalidade: Irlanda
Duração: 55:22



(1.Zoo Station/2.Even Better Than The Real Thing/3.One/4.Until The End Of The World/5.Who's Gonna Ride Your Wild Horses/6.So Cruel/7.The Fly/8.Mysterious Ways/9.Tryin' To Hold Your Arms Around The World/10.Ultraviolet (Light My Way)/11.Acrobat/12.Love Is Blindness)

No começo da década de 90, o U2 estava em crise. Pode parecer estranho para quem está acostumado a ver a banda há anos arrebatar multidões com facilidade, mas o fato é que naquela época as coisas estavam tão ruins que boatos sobre uma possível separação corriam. Boatos esses alimentados pela misteriosa declaração de Bono ao final de um show da turnê Joshua Tree: “Isto é o fim de alguma coisa para o U2. Precisamos ir para casa sonhar tudo de novo.”

O que o vocalista queria realmente dizer era que a fórmula do rock messiânico do grupo se provara esgotada, depois de seis discos em oito anos. O último deles, “
Rattle and Hum”, tinha recebido uma recepção bem mais fria do que o esperado. Ainda, o humor dos quatro músicos não era dos melhores: The Edge amargava o fim de um casamento; Bono ainda estava insatisfeito com os êxitos conquistados, apesar do sucesso; o baterista Larry Mullen Jr. estava entediado de tocar sempre os mesmos hits; e o baixista Adam Clayton... bem, ele estava bebendo demais da conta e namorando Naomi Campbell.

Poderia ser o fim, não fosse aquela banda o
U2. Desistir do estrelato no auge não seria jamais uma possibilidade. Mas, para prosseguir com o seu suposto projeto de dominar o mundo, a solução foi reinventar-se. Todos os recalques e mazelas do U2 oitentista e saturado foram utilizadas. O resultado, “Achtung Baby”, na minha modesta, porém sensata opinião, o melhor deles.

Para produzir a obra, o grupo fez o que muitos outros roqueiros (
David Bowie, Lou Reed...) em crise já haviam feito: foram para Berlim. Levaram junto o produtor Brian Eno, que já trabalhara na capital alemã com Bowie, no clássico “Heroes”. A cada início das sessões de estúdio germânicas, escutavam sempre o engenheiro de som gritar “Achtung, Baby!” (Atenção, baby), o que acabou dando o curioso nome ao disco.

No entanto, o exílio não resolveu tudo. Todos concordavam que algo deveria mudar, mas
Mullen e Clayton não ficaram primeiramente muito empolgados com a sonoridade mais eletrônica que Bono e Edge procuravam dar ao disco. Em uma das sessões mais tensas, chegaram finalmente a um consenso: a emblemática “One”. A faixa indica a nova direção do conjunto, mas sem deixar de ser uma inconfundível composição do U2.

Não ter perdido sua identidade, no entanto, não quer dizer que a banda não se arriscou. A faixa de abertura, “
Zoo Station”, é a prova disso; um convite ao admirável mundo novo de “Achtung Baby”. As surpresas não terminam por aí: ainda há “The Fly”, provavelmente o número que melhor representa o disco; a melancólica “So Cruel”, sobre a separação de Edge, a visceral “Ultra Violet (Light My Way)” e “Mysterious Ways”, a mais dançante – e provavelmente a mais cativante - do disco.

Como se o choque com o novo som não fosse suficiente, o
U2 ainda considerou utilizar uma foto de Adam Clayton nu como capa do disco. A idéia foi – óbvio – desconsiderada. Mesmo assim, a foto foi utilizada dentro do encarte. No exterior, ela foi censurada: uma folhinha cobriu as partes do baixista. Com sua obra-prima já nas lojas, a banda partiu para a mais memorável de suas turnês, Zoo Station Tour, na qual Bono (ou melhor, sua persona, o cínico “The Fly”), telefonava para a Casa Branca ou para a pizzaria mais próxima.

Abaixo, o clipe de "
One", na belíssima versão dirigida por Anton Corbjin:



Pesquisa: Ultraviolet, U2 Fortaleza. Ficha técnica retirada do livro 1001 discos para ouvir antes de morrer.

Um comentário:

  1. Post muito legal!
    Esse é um dos 4 ou 5 discos q eu levaria pra uma ilha deserta. Não envelhece, não dá pra enjoar.
    Ele foi tão importante pros anos 90 quanto a geração Seattle. Falei um pouco sobre isso no meu blog www.maisespertoqamaioriadosursos.wordpress.com
    Quem puder dar uma passada por lá, acho q vai gostar!

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