25 abril, 2010

Trilha Especial - Moby no Rio de Janeiro

Por Luiza Barros

Entre 1819 e 1891, viveu o escritor Herman Melville. De todas as suas obras, nenhuma ficou tão célebre quanto Moby Dick, considerado hoje um dos maiores romances da literatura mundial. Publicado pela primeira vez em 1851 com o nome de A Baleia, o livro conta a história do Capitão Ahab, um homem obcecado em encontrar no oceano um cachalote em especial, conhecido por sua ferocidade.

Esta semana, quase 160 anos depois da primeira publicação de Moby Dick, Richard Melville Hall veio ao Brasil para uma série de apresentações, que passou por Brasília, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, e finalmente, Rio de Janeiro. Mais conhecido pelo apelido em homenagem à criatura de seu “trisa-tio-avô” (se é que o termo existe), Moby, assim como o Capitão Ahab, também é um homem com uma obsessão: a música.

DJ consagrado, Moby ganhou o mundo da música eletrônica com sua capacidade de mesclar ritmos e instrumentos com precisão. O resultado, na maioria das vezes, são faixas impecáveis, que podem ser tão irresistivelmente dançantes como etéreas e enternecedoras.

A minha grande dúvida, quando topei enfrentar uma pequena aventura para chegar ao longínquo Citibank Hall (que devido às instabilidades de seus patrocinadores já se chamou Claro Hall, ATL Hall e Metropolitan), na Barra da Tijuca, era se as pérolas criadas por Moby poderiam soar tão nítidas e cristalinas ao vivo como nas suas versões de estúdio, sem toda a parafernália geralmente necessária ao gênero eletrônico.

Mas o que esse simpático careca de Nova York e sua equipe fazem vai muito além de gêneros musicais, então o que eu tive foi uma ótima surpresa: as músicas soavam ainda melhores ao vivo, e o resultado foi um show explosivo, dançante e extremamente divertido. Uma das maiores contribuições para isso, a cantora Joy Malcon, que cantou na maior parte do repertório do show. Joy é o complemento ideal para Moby: enquanto ele tem a liberdade de trafegar entre guitarra, percussão e voz, ela segura o show com seu poderoso alcance vocal. Até na aparência os dois se completam: se ele não tem cabelos, ela os tem em profusão.

Apesar da insuportável demora que virou praxe em qualquer palco carioca, Moby conseguiu levantar a até então entediada platéia rapidamente, com o sucesso “Extreme Ways”, trilha do filme Ultimato Bourne. Logo em seguida, veio a eletrizante “Bodyrock”, talvez a mais famosa do músico – na virada do milênio, quando foi lançada, a faixa tocava em tudo que é lugar: do videogame FIFA 2001, ao Miss Universo 2000, passando pela abertura do seriado Veronica’s Closet.

Assim como "Bodyrock", boa parte do setlist escolhido fazia parte de Play, de 1999, seu disco mais bem-sucedido até hoje. Entre estas, “Why does my heart feels so bad”, dedicada às vítimas das chuvas no Rio, e a linda “Porcelain”, dedicada a todos os presentes. Uma fofura, embora nem todos os presentes merecessem de fato a homenagem; como em outros eventos do tipo, o show atraiu muita gente que estava ali mais para aparecer do que para ver. Na pista vip logo à minha frente, três mulheres de seus quarenta anos discutiam sobre suas roupas de costas para o palco. Nesse momento, Joy arrasava na performance de “Feeling So Real”.

Para quem prestava atenção, Moby agradecia efusivamente, respondendo quantos obrigados e thank yous conseguisse falar. Resolveu fazer um cover inesperado de “Ring Of Fire”, do ícone country Johnny Cash. Nada demais. Eu, pessoalmente, trocaria fácil por “Walk On The Wild Side”, de Lou Reed, o cover escolhido para Brasília. No finalzinho da apresentação, outro cover: “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin. Esse sim, fez jus à festa que foi a apresentação de Moby no Rio.

Créditos da foto: Moby na apresentação de São Paulo, em 23 de abril. Ivan Pacheco/Portal Terra

Um comentário:

  1. Pelos comentarios em seu twitter, deve estar adorando a cidade.
    http://twitter.com/thelittleidiot

    Bjs,

    Luiz Arthur

    ResponderExcluir

Sugira, comente, manifeste-se sobre esse post!