20 outubro, 2010

Das notas para as letras

Por Luiza Barros

Tornar-se um músico de sucesso é muito difícil. Escrever um livro também. Mesmo assim, não são poucos os astros que, talvez entediados em gravar discos, resolvem se arriscar no universo das letras.

Dois exemplos recentes são o de Nick Cave e de Lou Reed, que tiveram livros publicados este ano. O primeiro assina A morte de Bunny Munro, que saiu aqui no Brasil pela Editora Record. A sinopse do livro segue a temática sombria (e mesmo bizarra) das composições de Cave: Bunny Munro é um vendedor de creme para as mãos viciado em sexo, que após o suicídio da esposa perambula pelo sul da Inglaterra acompanhado pelo filho de nove anos. O homem bate de porta em porta não só para oferecer seus produtos, mas também para tentar seduzir donas-de-casa. Isso até ele começar a ter premonições da própria morte. O romance não é a primeira experiência de Cave com literatura. O roqueiro já havia publicado, em 1989, And ass saw the angel, que lhe rendeu comparações com escritores consagrados como William Faulkner e Flannery O'Connor.

Já com o ícone da subcultura Lou Reed foi diferente. O ex-líder do Velvet Underground lançou uma compilação de letras de toda a sua carreira como músico, Atravessar o fogo (Companhia das Letras). A publicação do livro reaqueceu uma questão antiga: letras de música são literatura ou não? Era o debate que a organização da Festa Literária de Paraty queria promover quando escalou Reed como uma das atrações da edição deste ano. No entanto, o compositor acabou furando, deixando muita gente só na vontade.

No Brasil, também não é raro encontrar músicos nas estantes das livrarias. Ícone maior da nossa Música Popular, Chico Buarque também é um escritor de renome, autor de romances como Benjamin, Budapeste e o mais recente, Leite Derramado, fora as peças de teatro. Budapeste chegou a ganhar em 2004 o Jabuti, um dos prêmios mais importantes nas letras brasileiras. Em 2009, a obra foi adaptada para o cinema. Cinco anos antes, Benjamin já havia chegado às telas, em uma produção que revelou a atriz Cléo Pires.

Quem também viu uma obra sua virar filme foi o guitarrista dos Titãs Tony Bellotto. O músico é autor da trilogia policial protagonizada pelo investigador Bellini, além de outras três obras. O primeiro livro da saga, Bellini e a esfinge, foi adaptado em 2001, com direito a Malu Mader, mulher de Bellotto, no elenco. Este ano, foi a vez da continuação Bellini e o demônio chegar aos cinemas.

Conhecem outros músicos que viraram escritores? Sugiram nomes nos comentários!


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