22 novembro, 2010

Paul McCartney sacode o Estádio do Morumbi

Por Mariana Coutinho

Divulgação/ Marcos Hermes

A meteorologia indicava raios e trovões. Mas, naquela noite de domingo, alguma magia poderosa soprou as nuvens para bem longe da capital paulista e revelou uma lua cheia cor-de-caramelo sobre o Estádio do Morumbi. Era o primeiro indício de que aquela seria uma noite para ficar na memória.

Os portões foram abertos às 17h30. Muito antes disso, filas que atravessavam quarteirões já tinham se formado em frente a cada entrada do estádio. Foi interessante observar a expectativa crescendo entre o público que esperava Paul McCartney. Ainda com o dia claro o estádio já estava quase cheio. Enquanto o pessoal da pista prime se espremia para conseguir o melhor ângulo, a pista normal passava o tempo brincando com uma bola gigante de um dos patrocinadores do espetáculo, e as arquibancadas se aqueciam com ‘olas’ contínuas, as primeiras tímidas e as seguintes mais intensas.

Sir. Paul McCartney manteve sua pontualidade britânica e começou o show por volta das 21h35. Quando as luzes do estádio se apagaram, todos tinham certeza de que tudo valera a pena para ver aquele que era iluminado pelo ponto de luz no palco. Aos 68 anos, Paul tem uma disposição invejável, além do talento óbvio e da simpatia inegável. É um artista completo. E seu show emociona até o mais cético e faz gritar o mais contido.

O ex-beatle interpretou canções de suas duas bandas e da carreira solo de uma forma intensa e totalmente comprometido em fazer o melhor para aquele público que tanto aguardava sua apresentação. McCartney é zeloso com o público. Fica horas cantando sem parar nem para tomar água, decora frase inteiras em português para tirar sorrisos e respostas empolgadas da plateia, improvisa uma canção em homenagem a São Paulo e no final se empolga para pegar bandeiras do Brasil atiradas pelo público e acaba caindo no palco, sem maiores conseqüências, felizmente. Paul quer fazer daquela noite um momento perfeito. E consegue.

A banda também se esforça para fazer o melhor. O guitarrista arrebenta no solo de ‘Something’ e o baterista improvisa coreografias em ‘Dance Tonight’. Os músicos são impecáveis, uma banda de verdade. A plateia, envolvida totalmente pelo clima, quer devolver a Paul toda aquela emoção. São isqueiros em ‘Let it Be’, balões brancos em ‘A Day in the Life/ Give Peace a Chance’, coro afinado em ‘Hey Jude’ e gritaria intensa em ‘Helter Skelter’. Paul conversa com o público e recebe respostas em uníssono. Por várias vezes os fãs gritam “Paul, Paul, Paul”, ou “We Love you, yeah, yeah, yeah”, ao que ele responde sem reservas “I love you, yeah, yeah, yeah”.

É difícil apontar os momentos mais empolgantes ou emocionantes do show. Mas as músicas mais marcantes foram provavelmente: “Hey Jude”, “Let it be”, “Yesterday”, “A Day in the life/ Give Peace a Chance”, “Something”, “Helter Skelter”, “The Long and Winding Road”, "Live and Let Die" e “Band on the Run”. Eu pessoalmente vibrei muito também com “And I love her”, “I’ve Just Seen a Face”,“My Love” e "Eleanor Rigby". Apagada no White Album, “Ob-La-Di, Ob-La-Da” se mostrou muito eficiente no show, com um coro animado. Canções como “Jet” e “All My Loving”, logo no início, também levantaram o público.

Depois de quase 3 horas de show, Paul se despediu de São Paulo não com um ‘adeus’, mas com um ‘até logo’. Agora só nos resta esperar que ele cumpra com a palavra e volte logo mesmo.

Assista abaixo o karaokê de 64 mil vozes cantando ‘Let it be’ com Paul McCartney no Estádio do Morumbi:



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