27 dezembro, 2009

Trilha do Artista - Yamandú Costa


Era verão no interior do Rio Grande do Sul e a cidade de Passo Fundo, 256 km a norte de Porto Alegre, seguia o dia normalmente. O sol tranquilo do dia 24 de janeiro de 1980 não anunciava o nascimento de um dos violonistas mais agitados e perfomáticos do Brasil.

Yamandú Costa é filho de músicos. A mãe, a cantora Clari Marson, e o pai, trompetista e violonista Algacir Costa, faziam parte do grupo ‘Os Fronteiriços’. Yamandú desde cedo via seus pais tocarem e aos 4 anos já viajava com eles pelo Rio Grande do Sul afora.

Os primeiros acordes foram aprendidos em casa, com o pai. Yamandú começou a se aproximar do violão através das festas folclóricas, que fariam parte do seu repertório profissional. É um gaúcho cheio de milongas, tangos, zambas e chamamés, sons típicos dos pampas.

Aos sete anos Yamandú partiu rumo a Maceió, Alagoas, onde faria a primeira apresentação. O show corria bem, até que seu primo o abandonou no palco quando tocavam Marina – de Dorival Caymmi. Foi aí que o violonista começou a praticar uma das suas principais virtudes, o improviso.

De volta ao sul, Yamandú decide abandonar os estudos. Os pais tentaram impedir, mas o ímpeto do gaúcho venceu e o menino largou a escola ainda na sexta série. O garoto crescia e os sons regionais não bastavam para ele. Radamés Gnatalli, Baden Powell, Tom Jobim e Raphael Rabello eram as influências a partir de então.
Aos dezessete anos se apresenta pela primeira vez em São Paulo, no Circuito Cultural Banco do Brasil. É o início do sucesso. A partir daí passa a ser reconhecido como músico revelação do violão no Brasil. Em 2001 veio o prêmio que o leva à fama: o 4° prêmio Visa de MPB. Além de um bom prêmio em dinheiro, ainda ganhou a gravação de um disco. Yamandú tinha apenas 21 anos!

Yamandú Costa, o precursor das águas – significado de seu nome em Tupi-Guarani – não precisa de acompanhamento, é um espetáculo por si só. Sempre de bombacha, lenço no pescoço e com o violão numa afinação mais alta, Yamandú é inconfundível. Os olhos cerrados, os movimentos energéticos, um cruza e descruza de pernas, inquieto com o violão no colo ele passa a energia de quem ama o que faz. E faz muito bem.

Yamandú é um músico popular, mesmo no terreno desconhecido, para a maioria, do instrumental. É a energia dele que contagia. É um verdadeiro profissional que luta contra a falta de divulgação, de público, de incentivos. Ele vence. Yamandú Costa já é lenda do violão brasileiro, está na mesma galeria de Baden Powell, Sebastião Tapajós e Raphael Rabello.

Um comentário:

  1. Adorei o texto e tenho certeza que vou adorar o blog. Música é vida!

    Não conheço essas duas citações do final do texto, mas procurarei.

    Quanto ao Yamandú, esse gênio dispensa comentários.

    Posso fazer uma sugestão? Ouçam NAUDO. Muito bom.
    E, claro, visitem meu blog! =D
    http://Sisudez.blogspot.com

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