24 dezembro, 2009

Trilha Nova de Natal – Christmas In The Heart, de Bob Dylan (ou como eu aprendi a parar de me preocupar e amar o Natal)

Por Luiza Barros

A Trilha Sonora passou a semana inteira pensando em algum disco de Natal que pudesse ser resenhado. Da minha parte, a única coisa que vinha à minha mente era aquele pavoroso e lendário disco da Simone, 25 de dezembro, uma assombração que costuma aparecer por volta das primeiras badaladas da meia-noite desta data nos lares brasileiros, entoando: “Então é Nataaaal...”

Pois é, não ia funcionar. Mas então, tal qual um milagre natalino narrado por Dickens, eu me recordo que um dos meus ídolos fez um disco só de músicas natalinas este ano: Bob Dylan. Agora, a razão desse disco existir ainda me era um mistério. Parecia no mínimo curioso que Robert Allen Zimmerman, um judeu de Minnesota, e acima de tudo, um revolucionário da música americana, e possivelmente, o maior compositor que esta já teve, simplesmente resolvesse sair por aí depois de quase cinquenta anos de carreira cantando serelepe canções tradicionais de Natal. É exatamente isso que ele fez, como comprova o clipe de “Must Be Santa”:


A minha primeira reação não foi das melhores. Mais ou menos como: “Que diabos é isso?” Mas, enquanto eu caminhava na rua e via as decorações natalinas nos prédios, não saia da minha cabeça “Must be Santa... Must be Santa...” E mais tarde, quando eu fui forçadamente até o inusportável shopping center lotado... “Must be Santa... Must be Santa...” E bem, tenho que admitir que tudo parecia mais engraçado e menos chato assim.

Então eu cheguei em casa e baixei o disco. São músicas que oscilam entre a festividade e a santidade que marcam a data. Os arranjos são mais tradicionalistas do que eu esperava, o que só comprova a minha tese: Dylan aqui não quer ser louvado como um gênio, e sim participar da festa. Na verdade, o tempo todo eu só consegui imaginá-lo como um daqueles tio-avôs excêntricos que aparecem nesse tipo de ocasião, e depois de umas cervejas ou outras, começa a cantar, chamando a atenção das crianças.

E se alguém ainda duvida da sinceridade do disco, Dylan não vai ganhar um centavo por isso, nem mesmo por ter usado aquela peruca ridícula no videoclipe. Toda a sua parte nas vendas será revertida para as instituições de caridade Feeding America, nos EUA, Crisis, no Reino Unido e o World Food Programme. É, o espírito de Natal se manifesta quando menos se espera.

Um comentário:

Sugira, comente, manifeste-se sobre esse post!