21 fevereiro, 2010

Trilha do Artista - Os Mutantes

Por Mariana Coutinho

“Eu juro que é melhor
Não ser um normal (...)
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz”

Normais, essa era a última palavra que se usaria para classificar Os Mutantes quando a banda surgiu nos anos 60. Enquanto as pessoas na sala de jantar se ocupavam em nascer e morrer, três jovens resolviam se reunir para fazer experimentações musicais. Tudo começou em 1964 quando os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias montaram uma banda chamada The Wooden Faces. Em 1966 chamaram a paulista Rita Lee Jones para se unir ao grupo, que passou a se chamar O Conjunto; e depois Os Mutantes, nome sugerido por Ronnie Von que estava lendo a ficção científica O Império dos Mutantes, do francês Stefan Wul. E então o trio estava formado; Rita nos vocais, Arnaldo no baixo e Sérgio na guitarra.

Os Mutantes ficaram conhecidos a partir de suas aparições em programas de auditório, como “O pequeno mundo de Ronnie Von”, “Jovem Guarda” e “Astros do Disco”. Já em 1967, o grupo se envolveu no movimento tropicalista, com o convite para tocar “Domingo no Parque” com Gilberto Gil no III Festival de MPB da TV Record. Com os arranjos elaborados do maestro Rogério Duprat, os Mutantes sintetizavam o som da Tropicália.

Em 1968, o grupo lançou seu primeiro LP, Os Mutantes, que era inovador, totalmente experimental e tinha muitas influências dos Beatles. Nesse mesmo ano a banda participou do disco manifesto do movimento tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis. No ano seguinte, foi lançado o segundo álbum da banda, Mutantes, já com a participação dos dois novos integrantes; Dinho Leme na bateria e Liminha no baixo.

Assista abaixo Os Mutantes cantando Panis et Circensis em 1969:

Em 1970 já com o ‘fim’ da Tropicália, lançaram o disco A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, um marco na carreira do grupo. Nesse álbum Os Mutantes abraçam de vez o rock’n’roll. Em 1971 Rita e Arnaldo se casaram. Segundo ela, o enlace foi só um jeito de ganhar independência dos pais. Diz a lenda que os irmãos Baptista disputaram no palitinho para decidir quem assinava a certidão de casamento. Então não é de se espantar que o casal tenha rasgado o documento logo após a lua-de-mel, no programa de TV comandado por Hebe Camargo.

No ano seguinte foi lançado mais um disco, Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, o último com a participação de Rita Lee que sairia logo depois para seguir carreira solo. Esse disco mostrou uma nova direção para a banda, o rock progressivo.

Em 1973 Os Mutantes gravaram o álbum O A e o Z que não foi aprovado pela gravadora na época e só foi lançado em 1992. Daí pra frente o grupo passou por uma série de mudanças. Arnaldo, desorientado pelo uso do LSD, deixou a banda, seguido por Liminha. Os Mutantes sobreviveram até 1978, apenas com Sérgio Dias da formação original, mas depois de alguns desentendimentos o guitarrista resolveu pôr fim ao grupo.

Mas a história não acaba por ai. Em 2006 Os Mutantes voltaram. Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, Dinho Leme e a carioca Zélia Duncan, substituindo Rita Lee, se apresentaram na Europa, nos EUA e fizeram uma turnê no Brasil com direito a show nos festejos do 453º aniversário da cidade de São Paulo. Em 2007 Zélia e Arnaldo deixaram o grupo; mas Sérgio e Dinho continuaram e gravaram uma música inédita d’Os Mutantes em mais de trinta anos, Mutantes Depois.

2 comentários:

  1. Para complementar, em 2006 foi lançado o álbum ao vivo da apresentação no Barbican Theatre (Londres). Em 2009, a banda lança nos EUA, Europa e Japão o cd HAIH OR AMORTECEDOR, com músicas inéditas, e se prepara para lançar em julho/2010 o cd no Brasil, com direito a 4 faixas extras.

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  2. MUtantes sem a Rita não é o mesmo, e as vezes eu me impressiono como a Rita era bonita nova.

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