11 setembro, 2010

Todas as musas numa só canção

Robson Sales

O tempo que gastamos durante a viagem não tem outra serventia a não ser pensar na vida. De repente me veio uma canção do Lenine, e pensei como pode ser impressionante a criatividade de um artista. ‘Em todas elas juntas num só ser’, o pernambucano citou as mais famosas musas da música. E são dezenas delas.

É impossível, apenas de cabeça, lembrar de todas as mulheres citadas por Lenine e menos provável ainda é saber quais são suas histórias. Já no primeiro parágrafo me perco: “Não canto mais Babete nem Domingas,nem Xica nem Tereza,de Ben Jor; nem Drão nem Flora,do baiano Gil, nem Ana nem Luiza,do maior; já não homenageio Januária,Joana,Ana,Bárbara de Chico; nem Yoko,a nipônica de Lennon, nem a cabocla de Tinoco e de Tonico”.

Dessas, sei que Flora é a esposa do ex-ministro da cultura Gilberto Gil e a nipônica Yoko é a mulher acusada de ser a principal causa do fim dos Beatles. As musas citadas por Jorge Ben podem muito bem ser apenas criação daquela cabeça insana.

A segunda estrofe continua o desfile de mulheres inspiradoras: “Nem a tigresa nem a Vera Gata nem a branquinha de Caetano; nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga, Rosinha,do sertão pernambucano; Nem Risoflora,a flor de Chico Science, nenhuma continua nos meus planos; nem Kátia Flávia,de Fausto Fawcett; nem Anna Júlia do Los Hermanos”.

Algumas são recentes, como Anna Júlia, que catapultou a carreira dos extintos Los Hermanos e realmente existiu na vida do grupo. Outras são mais antigas, como a linda flor de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Há ainda aquelas que formam a identidade do artista, como Risoflora para o principal nome do Manguebeat Chico Science.

Lenine é uma enciclopédia da música, não há outra opção para ele conhecer tantos nomes e ainda conseguir encaixá-los numa melodia, que dura mais de seis minutos. A terceira estrofe começa com um personagem que é um travesti, como Luiz Melodia já revelou aqui mesmo no A Trilha Sonora, em entrevista exclusiva: “Não canto de Melô Pérola Negra, de Brown e Herbert,nem uma brasileira; De Ari,nem a baiana nem Maria, nem a Iaiá também,nem minha faceira; de Dorival,nem Dora nem Marina nem a morena de Itapoã; divina garota de Ipanema,nem Iracema,de Adoniran”.

Depois desses três parágrafos, de uma letra que continua por outras 13 estrofes, eu lanço um desafio: Veja a letra, acompanhe a música e pense em uma musa inspiradora da música que tenha ficado de fora desta canção. Até a Popozuda do Tigrão está em ‘Todas elas juntas num só ser’!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sugira, comente, manifeste-se sobre esse post!